Depressão atípica: sintomas que enganam até profissionais

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Sumário

A depressão é um desafio de saúde mental complexo e multifacetado, com diferentes manifestações que podem dificultar seu diagnóstico preciso. Entre as suas diversas formas, a depressão atípica se destaca por apresentar um conjunto de sintomas que, à primeira vista, podem parecer contraditórios em relação ao que se espera de um quadro depressivo clássico. 

Essa particularidade a torna um verdadeiro quebra-cabeças, capaz de enganar até mesmo profissionais experientes, levando a atrasos no tratamento adequado. É crucial compreender esses sintomas de depressão menos óbvios para oferecer o suporte necessário e eficaz.

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A hiperfagia e hipersonia podem ser manifestações da depressão atípica. / Foto: Unsplash.

Hiperfagia e hipersonia como manifestações pouco diagnosticadas

Ao contrário da depressão melancólica, caracterizada por perda de apetite e insônia, a depressão atípica frequentemente se manifesta através de sinais opostos. A hiperfagia, ou aumento significativo do apetite, muitas vezes com forte desejo por carboidratos e alimentos doces, é um sintoma comum. Essa busca por conforto na comida pode levar ao ganho de peso, confundindo o quadro com problemas alimentares ou falta de autocontrole, em vez de um sinal de sofrimento psíquico.

Associada à hiperfagia, a hipersonia, ou excesso de sono, é outra característica marcante. Indivíduos com depressão atípica podem sentir uma necessidade irresistível de dormir por muitas horas, mesmo durante o dia, e ainda assim acordar exaustos. 

Esse cansaço persistente, muitas vezes descrito como “cansaço dos membros” ou “paralisia chumbo” (uma sensação de peso nos braços e pernas), é frequentemente interpretado como preguiça ou desmotivação, mascarando a gravidade dos sintomas de depressão subjacentes. 

A sensibilidade à rejeição interpessoal, onde pequenas críticas ou desaprovações causam dor emocional intensa e prolongada, também é um marcador relevante.

Diferenças hormonais entre depressão masculina e feminina

As variações hormonais desempenham um papel significativo na forma como a depressão se manifesta em homens e mulheres, e isso pode influenciar a apresentação da depressão atípica.

Hormônios femininos e seu impacto

Nas mulheres, flutuações hormonais associadas ao ciclo menstrual, gravidez, pós-parto e menopausa podem aumentar a vulnerabilidade à depressão e influenciar seus sintomas. Alterações nos níveis de estrogênio e progesterona podem afetar neurotransmissores como a serotonina, contribuindo para a expressão atípica da doença. 

Por exemplo, a depressão pós-parto, embora nem sempre atípica, pode ter componentes de fadiga extrema e hipersonia, alinhando-se a alguns dos sintomas depressão atípica.

Hormônios masculinos e particularidades da depressão

Nos homens, a depressão muitas vezes é mascarada por sintomas como irritabilidade, raiva, abuso de substâncias e comportamentos de risco, em vez da tristeza ou anedonia clássica. Embora menos estudada no contexto da depressão atípica, a queda nos níveis de testosterona (andropausa) em homens mais velhos pode estar associada a sintomas depressivos, incluindo fadiga e alterações de humor. 

A pressão social para demonstrar força e não fragilidade pode levar os homens a reprimir a expressão emocional, dificultando o reconhecimento de sintomas de depressão atípicos, como a hipersonia ou a hipersensibilidade emocional, que podem ser vistos como sinais de fraqueza.

Protocolos de estimulação magnética transcraniana

Quando os tratamentos convencionais, como a psicoterapia e a farmacoterapia, não surtem o efeito desejado, ou em casos de intolerância a medicamentos, os protocolos de estimulação magnética transcraniana (EMT) surgem como uma alternativa promissora. 

A EMT é uma técnica não invasiva que utiliza campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro, com o objetivo de modular a atividade neuronal e corrigir disfunções associadas à depressão.

Como a EMT funciona na prática

Durante uma sessão de EMT, bobinas magnéticas são posicionadas sobre o couro cabeludo, emitindo pulsos que penetram o crânio e induzem correntes elétricas suaves em regiões cerebrais alvo, como o córtex pré-frontal. Essa estimulação pode alterar a excitabilidade dos neurônios, promovendo mudanças duradouras na função cerebral. 

Para a depressão atípica, a EMT pode ser particularmente útil ao visar redes neurais que regulam o humor, o apetite e o sono, ajudando a reequilibrar essas funções desreguladas pelos sintomas de depressão. É um tratamento que deve ser prescrito e supervisionado por profissionais de saúde qualificados, reforçando a importância da abordagem científica e personalizada.

Como amigos podem identificar sinais de risco

A rede de apoio social desempenha um papel fundamental na identificação precoce e no suporte a indivíduos que podem estar enfrentando a depressão atípica. Amigos próximos, por estarem cientes dos padrões de comportamento habituais, são frequentemente os primeiros a notar mudanças sutis que podem indicar um problema.

Observe sinais como:

  • Aumento significativo do sono: Se um amigo que costumava ser ativo passa a dormir excessivamente e ainda se queixa de cansaço constante.
  • Mudanças drásticas nos hábitos alimentares: Especialmente se houver um aumento notável no consumo de alimentos ricos em açúcar e carboidratos, levando a ganho de peso.
  • Reações exageradas a críticas: Se pequenas desavenças ou comentários negativos causam uma tristeza ou raiva desproporcional e duradoura.
  • Humor reativo: Notar que o humor do amigo melhora significativamente, mesmo que brevemente, em resposta a eventos positivos, mas cai rapidamente diante de adversidades, mesmo as pequenas.
  • Isolamento social progressivo: Embora menos evidente que na depressão clássica, ainda pode haver uma tendência a se afastar, embora o desejo de conexão ainda esteja presente.
  • Queixas físicas sem causa aparente: Dores de cabeça, dores musculares, sensação de peso ou cansaço extremo que não melhoram com descanso.

Ao identificar esses sintomas de depressão menos convencionais, a melhor abordagem é oferecer apoio, ouvir sem julgamento e, gentilmente, sugerir a busca por ajuda profissional. Reconhecer a depressão atípica é o primeiro passo para o tratamento e a recuperação, demonstrando que o conhecimento científico, ancorado em bases de cuidado e empatia, pode realmente fazer a diferença na vida das pessoas.

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